sábado, 3 de março de 2012

Discos que não mudaram o mundo 1: Gabriel, o Pensador

Inspirado no blog http://www.artperceptions.com/ faço a primeira sequência de artigos em um mesmo tema. Apesar desse artigo estar na cabeça a alguns meses sem encontrar o caminho para a rede, o próximo da série, por motivos óbvios que ficarão claros em sua publicação, sairá na primeira metade de abril. A ideia é de falar sobre discos que, apesar de gravados há muito tempo, poderiam ter sido compostos semana passada... infelizmente!

O primeiro disco gravado em 1993 pelo rapper carioca Gabriel, o Pensador trazia um espírito muito diferente do rap que já vinha sendo praticado em SP por grupos como o Racionais MCs. Ao invés da agressividade e virulência em sua música o gingado e o jeito carioca, mas em nenhum momento menos controverso. Este trabalho incluía músicas como seu primeiro hit “Tô Feliz (Matei o Presidente)” de 1992, Lôraburra, Retrato de um Playboy, Indecência Militar entre outras.

Antes da música “Tô Feliz” começar, o próprio autor provoca com relação a colocar uma música cujo assunto já não era mais atual, devido ao impeachment do Collor. Infelizmente não apenas essa música com relação a políticos corruptos em nosso país continua atual, inclusive com a inacreditável “ressureição política do Collor (sério, se alguém falasse na época que ele ia voltar, quem não riria). Temos ainda o serviço militar obrigatório retratado por “Indecência Militar”, a desigualdade social retratada em “Retrato de um Playboy”, “175 Nada Especial” tratando de uma revoltante, mas cotidiana volta de ônibus e o “Resto do Mundo” onde um mendigo canta “O meu sonho é morar numa favela...”.




Lôraburra” um dos dois grandes hits no lançamento do disco (junto com “Retato de um Playboy”) provoca, se utilizando para isso de um preconceito generalizado relacionado a “capacidade intelectual platinada”. Próximo ao fim da música pega mais pesado ampliando o conceito para o comportamento e não uma característica física, provocando realmente forte, “morenas, ruivas, preta, careca, natural” como cantado na própria música, que até então se achavam “seguras” com relação a essas críticas.



Por tudo isso, esse é um álbum que infelizmente não mudou o mundo, mas teve grande importância em mostrá-lo, e, acredito, começar uma mudança e uma batalha de um jeito mais sutil. Falando com jeito a uma classe média que ainda não estava disposta a enxergar as mazelas do mundo e algumas decisões difíceis que se aproximavam pôs em movimento algumas importantes engrenagens.

Mais sobre isso próximo mês... com outro verso dessa música instrumental.