domingo, 3 de fevereiro de 2013

A surpresa pode estar nas letras miúdas, ou no fim dos créditos...


Ontem fui mais uma vez ao show do Marcelo Nova.  Desnecessário dizer que o músico é parte essencial da história do Rock Brasil e levou toda a cena para frente por diversas vezes de sua maneira desafiadora.  Os shows são sempre rock puro c/ bandas afiadas.

Estranhamente esse texto não é sobre isso, mas sobre algo que esse show me lembrou.  No final da década de 80, Marcelo Nova gravou um disco com o Raul Seixas (lenda do Rock nacional cuja carreira, infelizmente, não acompanhei na época).  Esse disco foi lançado dois dias antes da morte do Raul.  Músicas excepcionais com letras e instrumentais brilhantes.  Dessas se destacam Nuit e Carpinteiro do Universo.

Esse disco veio depois de uma turnê de 50 shows onde um Raul Seixas debilitado participava em apenas metade do show.  Quando, adolescente, ouvi o disco e achei ótimo.  Aprendi a tocar as duas músicas mencionadas em arranjos muito simples e ouvia com frequência ao disco.

Anos depois comprei o CD, já difícil de ser encontrado, e sentei para ouví-lo com o cuidado merecido.  Fui surpreendido com a formação da banda para a gravação.  Na minha lembrança, esse disco havia sido gravado pelo Envergadura Moral (banda de suporte do Marcelo Nova na época), mas percebi a presença constante de um membro adicional.  Os créditos apontavam a presença do guitarrista André Christovam, músico favorito no Blues Brasil e um dos principais para mim quando penso em escala mundial.

Nesse momento percebi que esse CD não seria guardado na coleção nem com os do Marcelo Nova nem do Raul, mas com os do André.  

Minha admiração ao disco ampliada por essa descoberta foi ainda aumentada quando em um show do André alguns anos atrás ouvi do mesmo histórias de bastidores da gravação desse disco e de alguns outros.  Fui atendido por alguém que para mim era basicamente um mito com gentileza e generosidade memoráveis e por isso sou profundamente grato.

Não costumo pedir autógrafos por julgar que estou de certa forma incomodando ou impondo minha presença a alguém que não me conhece e para quem não apresento nenhuma "razão" para que ela tenha interesse em falar comigo.  Dessa vez, por influência de uma amiga (Marina Pimentel) quebrei essa regra e mais do que valeu a pena por ouvir todas aquelas histórias em primeira mão.




Pequenas surpresas no estudo cotidiano das artes é apenas mais um dos versos dessa música instrumental.