domingo, 5 de abril de 2009

A onda perfeita...


Uma vez eu tive uma banda, e depois de muito tempo nunca mais consegui ter outra. Naquela banda, éramos três amigos tocando, depois eu trouxe mais uma amiga para se juntar a nós. Todos tínhamos o mesmo objetivo (se divertir!) e ninguém tinha como objetivo viver de música. Gostávamos de uma grande qtde de músicas em comum. E já no primeiro ensaio (meio que um teste para que eu entrasse no duo que tinha vindo da Univerisidade sem o baixista, a dinâmica já estava acertada. Um de nós puxava uma música e os outros seguiam. Se a Jam funcionasse, essa música estava na lista para a próxima semana, mas dessa vez com a gente tendo estudado ela por uma semana. Acho que essa primeira fui eu com My girl, que depois evoluiu para ser uma das melhores do repertório, para mim. Conversávamos abertamente sobre a entrada ou saída das músicas no repertório e sobre as limitações ao tocar. O objetivo era fazermos o som mais divertido possível. E para mim, ainda tinha algo mais, eu estava em uma das bandas que eu sempre ia assistir enquanto estava estudando.

Foram alguns ensaios abertos e dois "shows" maiores para os amigos. Pouco mais de 100 pessoas apareceram em cada um deles. Lembro de cada minuto dessas apresentações, lembro de cada comentário depois. Lembro principalmente de quando um olhava para o outro durante a música e parecia que estávamos fazendo algo realmente especial ou que sem combinar, todos entendíamos só com o olhar que alguém ia ugir do script e se preparava para "pular" junto. Lembro dos principais detalhes da execução dessas músicas que faziam com que tudo soasse melhor que uma banda cover. Uma personalidade e uma força incomum naquele instante. A junção de diferentes músicas, as versões irreconhecíveis, as invenções e até alguma coisa nossa...

Nessa banda, como na "onda perfeita", todos os elementos se alinharam. Tudo que eu esperava da experiência de tocar em uma banda estava lá, já na primeira chance. E depois do fim nunca mais entrei em outra banda, ou montei outra banda que fosse.

Esses dias apareceu a oportunidade de que eu entrasse em outra banda. A posição que eu deveria ocupar me parece meio acima da minha capacidade, mas eu sei que com alguma dedicação eu poderia fazê-lo. Quando eu paro e leio o que acabo de escrever eu me sinto meio covarde, mas na verdade o meu medo maior não é de não dar conta, mas de não encontrar dessa vez o que dei sorte de encontrar já de primeira.

Esse deve ser o primeiro verso de uma música instrumental: o medo de não sei bem o que. Ele pode ser injustificado, mas sei que ele está lá... E ainda vou descobrir como enfrentá-lo.

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